sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

E foi assim

Todos os dias quando eu acordava
Meu pensamento era teu. E foi assim,
Por dias e dias quando eu te sonhava
Sem que tu imaginasses a mim

Todas as noites em que te desejava
Meu sentimento era teu. E foi assim,
Por noites e noites em que eu te amava
Sem que tu soubesses de mim

Todos os dias e noites em que te buscava
Meu momento era teu. E foi assim,
Por dias e noites em que te procurava
Sem que tu viesses pra mim

No primeiro dia em que não te pensei
O grito calou meu coração. E foi assim,
Por um dia em que não te imaginei
Minha alma professa solidão sem fim

Aragem

Há um silêncio entre nós, algo profundo
Que os meus lábios aprenderam a não dizer
Há um segredo nos lírios brancos a pender
De anáguas de estrelas, de beirais do mundo

Há um cismar das ilusões e sonhos distraídos
Que na aragem da tarde em fumos se desfaz
Espargindo aos ventos os sonhos esquecidos
Que a minha alma doidamente colhe e traz

Traz momentos onde nosso amor era candura
Onde a minha boca nos teus beijos se embebia
Sorvendo nos teus lábios o veneno e a loucura

Dos ledos carinhos que em nosso amor havia
Hoje há um silencio entre nós, há um reclamo
E quanto mais eu calo mais eu digo que te amo

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sentido

Saudade que veio assim, de repente
Saudade sem pé nem cabeça.
Saudade, sentimento guardado
Todo trajado de amores
É o sentido doído
Vivo nas pétalas das flores
Gotejando na alma da gente
Saudade que entrou assim, sorrateira
Saudade sem entendimento
Saudade, este momento parado
Todo trajado de dores
É o sentido vazio
Vivo no aroma das flores
Murmurando pela noite inteira

Saudade que chegou assim, escondida
Saudade sem compreensão
Saudade, este silêncio calado
Todo trajado de olores
É o sentido humano
Vivo na solidão das flores
Revelando a solidão da vida

Despedida

Eu queria você ao meu lado
Eu me queria enamorado
Dos teus olhos, do teu corpo
Das tuas mãos, claro escopo
Das tuas covinhas, sorrindo
Da mulher que és, sonho infindo
A mulher para quem tudo é amor

Não queria mais você indo embora
Fica comigo ao longo do longo agora
Fica aqui sem momento
Cala! Ouve o teu sentimento
Vê o que ele diz ao futuro
Ele não mente, eu te juro

O amor emudeceu com a tarde morena
Beijou os lábios da noite pequena
Entre segredos suados
Fez de nós dois namorados
Pleno de amor sorri o riso de agora
Sem atinar que a dor não tem hora

A dor vem com o escuro
E até o sentimento mais puro
Em ruas desertas vagueia
Vagueia em noites, anseia
Como um errante sem rumo
Errando a vida sem prumo

Ao longe vê-se a separação
Nos braços da emoção
A face guardando o choro
Uma lágrima lhe fazendo coro
Que há de rolar de mansinho
Quando a solidão for meu ninho

Amor, nas noites alvas de luar
Venho aos caminhos buscar
Nosso desejo inscrito na lua
Meus passos perdidos na rua
Meu amor, este sentir tão aflito
Oculta o espasmo do grito

O grito brada ao ar
-Tu não quisestes amar?
Pois todo este amor que te invade
Em breve será só saudade
Pois já se ouve lá fora
O momento de ir embora

E tão verdes são os amores
Tão amargo os seus sabores
Na hora da despedida
Que o travo que fica na vida
Percebe-se nos lábios teus
Quando me beijas, adeus!

Eu nunca vou te esquecer

Podia simplesmente pegar tua mão
E nossos dedos trançados
Diriam que o meu amor é você

Podia te olhar nos olhos
E meu olhar encantado
Diria que o meu amor é você

Podia te dar um abraço
E nossos corpos unidos
Diriam que o meu amor é você

Podia somente te dar um beijo
E nosso lábios selados
Diriam que o meu amor é você

Podia te perder de vista
E o meu sentimento incontido
Diria que eu nunca vou te esquecer

A voz do vento

Amo
Amo você
Amo você demais
E todas as outras palavras
São velhas, vazias ou são banais
Quando o meu coração, raso de amor,
Sopra teus cabelos pelos trigais
Ouvindo o vento dizendo
Amo
Amo você
Amo você demais

Saudade

Porque dizer desta distância
Se a distância é só saudade
Se há entre nós tantos céus
E tantos rios e tantos mares
Se a saudade de quem falo
É a mesma em todos os lugares
É a mesma que espera ali adiante
Fazendo do longe o mais distante
Apertando o passo pelo céu a fora
Encobrindo as noites com um véu escuro
Fazendo do hoje um tempo antigo
E do passado um tempo que não vai embora

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ausência

Na manhã que te levou
Na tarde que não se cala
No beijo que não te esquece
No abraço que ainda aquece
Na noite que te esperou
Na cama onde agora dorme o frio
Na tua ausência doída
Num quarto vago e vazio 
Minha saudade deita seu corpo
Junto ao teu corpo macio

Eu já nem sei

Amor, eu já nem sei
Como te dar de longe o meu carinho
Se no aroma de uma flor
Que passa e vai devagarinho
Transformando em perfume
A terra, a vida, o teu caminho

Ou no olhar de uma estrela cintilante
Que aos meus olhos lá no céu é um pontinho
A brilhar ornando em luz o firmamento
Iluminando a estrada onde Deus anda sozinho
Criando flores, hermeneutas, passarinhos
Criando estrelas só pra eu te dar o meu carinho

O meu carinho, meu grande amor, amada minha
Pode ir na voz do vento, no canto do passarinho
Na luz da lua numa noite a brincar com a madrugada
No dia em chamas onde o sol é um borrãozinho
Na poesia do teu sonho quando a tua alma sente
A minha alma beijar a tua lentamente... eis o carinho

Teu amor em mim

Amor,
Entrastes em minha vida
Quando os meus dias se esqueciam
Em noites vazias
Em sonhos perdidos
Em tempos ancestrais
Nada, nada se dizia
Das fugas do meu coração
Da sozinha fantasia
Da vida adormecida
No colo da solidão
Então, um beijo na tua mão
Meus olhos postos no chão
Como quem deve ao pecado
Te cativou não sei como
E o amor foi se fazendo
Nos dias e noites
Em que eu morrendo
No teu amor revivendo
A flor da aurora me disse
Que eu era teu namorado
Meu coração correu apressado
Beijou teus olhos risonhos
Em letras trançou teu nome
Em sentimentos se deu
Em mil palavras busquei
O simulacro da poesia
Para que o amor que nascia
Pudesse aquecer a flor
Mesmo nos tempos de inverno
Com o quentinho do amor
Nas tantas vezes que te sonhei
Nas outras vezes que te amei
Teus olhos juraram pra mim
Que onde mora a distância
Que onde mora a saudade
Florescem lindos jardins
Com flores de todas as cores
Rosas, negras, violetas,
Brancas, azuis e carmins
E um dia dissestes assim
“A orquídea tem meus amores
Por entre todas as flores
Me encanta sua beleza
Me enleva sua pureza”
Desde então, meu amor
Quando me pego tristonho
É na orquídea em teus olhos
Que espanto a minha tristeza
Quieto, calado e mudo
Vivendo a poesia
Que eu serenamente
Leio em seu corpo desnudo

Passos

Amor, esperar por ti é esta mesma aflição
Que a vida em nenhum momento esquece
Enquanto espero espalho horas pelo chão
A enganar o tempo antes que o tempo cesse
 
Nas horas douradas quando vai-se a tarde
E por trás dos montes a noite se avizinha
Meu coração louco e bêbado de saudade
Busca o ninho onde tua Alma se aninha
 
No céu onde desponta a estrela primeira
Tonto, o meu amor sonha o teu beijo
Quando os olhos se me cerram de desejo
 
Na noite que vem cheirando a flor de laranjeira
Anda o meu amor a procurar-te nos caminhos
No andar torpe dos meus passos tão sozinhos

O que é que eu posso te dar

Amor, diz pra mim...
O que é que eu posso te dar ?
O cheiro do sol da manhã?
A linda flor que é te amar?
Um ramalhete de beijos?
O pleno vôo no ar?
Um frasco com mil desejos?
Um gênio pra te agradar?
A estrela que cai dormente?
As ondas que fazem o mar?
O último raio de sol?
As nuvens pra você brincar?
Uma ninhada de sonhos?
Uma canção de ninar?
O sorriso terno e solto?
Uma rede pra se embalar?
Um arco-íris em sete cores?
A prece que está no ar?
Os sonhos que velam as noites?
Um beijo bem devagar?
Um abraço? Um aconchego?
A noite  pra namorar?
Um carrossel de parquinho?
Outra vida, mais singular?
Carlitos em preto e branco?
Um bolero pra você dançar?
Uma árvore pra te dar sombra
Com balanço pra balançar?
O meu amor moço e bobo
Bobinho pra te namorar?
Um ponto final nesta história
Pra que ela possa findar?
Então,  um beijo pra todos
Ponto final pra acabar
Acabou!!!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Quando você se foi

Estamos de novo em casa sem você
Eu e o meu coração
Eu e a minha ilusão
Eu e o meu amor que não se cansa de te amar
Eu e o sol que canta uma canção de verão no frio dia de inverno
Uma canção que quer te olhar
Uma canção para os meus olhos
Meus olhos estão postos em ti
Em ti e na nossa distância
Ouvindo cantigas do mar
O grande mar do segredo que leva você de mim
Meus olhos, que sem que lhes peçam, choram por ti
Naufrágos entregues sem céu, nem oceano
Minha emoção é uma espera incontida
Que dorme escutando a solidão
Meu amor é a gota de uma chuva prestes a cair
É a gota da lágrima que fica entre um ir e um vir
Meu amor é a vida buscando luz no teu dia
Buscando em teu seio o mistério da alegria
É a vida num pranto dorido chamando por ti
A vida chorou longamente quando você se foi
Eu vi os olhos inchados da vida
Os olhos vermelhos da vida
Eu vi a última lágrima que caiu antes dela dormir... cansada de chorar
Eu vi o sono profundo em que ela caiu por entre soluços
Quando a vida dormiu eu vi o amor sentado ao seu lado
Velando seu sono
Afagando sua cabeça
Beijando seu rosto molhado
Molhado de saudades
Deixando tanta dor na face clara da vida
Com seus olhos ternos o amor murmurou uma cantiga assim;

"Não chores bela criança
Que o sonho vem te acordar
Teu coração não se cansa
De ao mundo fazer amar

Não chores sopro Divino
A tristeza já vai embora
Teu coração é menino
Que para amar não tem hora"

O amor cantou, afagou e beijou a vida
Deitou-lhe os olhos cheios de doçura
Beijou-lhe as mãos pequeninas
Sentiu-lhe o corpo estremecer num soluço
Afagou-lhe os lábios como quem pede silêncio
A vida dormia um choro profundo
Dormia o choro do mundo
E o amor, cativo daquela dor, ao seu lado ficou
Só foi embora quando a despedida não podia mais esperar
E deste momento fez-se a saudade
E da saudade fez-se o meu fim
Amor, queria pedir-te uma coisa:
Não fica longe de mim!

Tarde fria

Meu amor, a tarde traz um mundo que eu conheço
De onde vem esta vontade de você na tarde fria
E tantos são os instantes que na tarde reconheço
O teu corpo, o teu cheiro, envoltos em pura poesia

E na ternura da tarde vem a vaga do desejo infindo
O gosto intenso do teu denguinho quente e gostoso
O beijo tardio e lento que na minha boca vai surgindo
Esta saudade calma da onde nascem o sonho e o gozo

Na meninice inocente que é todo o teu jeitinho
Eu sonho teus lábios a me beijarem devagarinho
No frio intenso que se ajeitou com a madrugada

Tu te fizestes amante, a minha eterna namorada
Tu és a minha amada, o meu sossego, a minha dor
Quando tu te vais eu sei que vou morrer de amor

Ao meu amor

Amor, eu acho você uma gracinha
E nestes olhos azuis
Vem dormir uma estrelinha

Amô, eu acho você tão bonita
E se o meu coração faz tum, tum
Por você todo o meu corpo palpita

Amozinho, eu acho você um encanto
E diante da sua beleza
Eu solto a voz, rio e canto

Denguinho, eu acho você uma gatinha
E no meu Miss Universo
Você já ganhou, coisa minha

Paixão, eu acho você tão linda
E com estas covinhas de riso
Eu acho você mais linda ainda

Mozinho, eu acho você tão bela
E como uma flor tu encantas
Tens a tua beleza singela

Amozinho, presta atenção
A flor não sabe que é bela
Amor, você sendo uma flor
Há de sentir como ela

Palavras

Busco encontrar as palavras que faltam em ti
As palavras que os teus lábios ainda não conhecem
As palavras transparentes, as que enternecem
As palavras que digam do meu amor, silente em si

As palavras encantadas soando na rua aonde passo
Reverberando a linguagem dos signos e dos astros
Têm som de luas nuas dançando de pés descalços
As palavras que anseiam por anjos, por lábios castos

Quando as palavras meigas, puras, ternas de carinho
Quando as palavras sendo um sol, a luz da madrugada 
Quando as palavras declamadas em cores múltiplas de uma flor

Me encontrarem em silêncio e me reconhecerem no caminho
Entregando ao sonho as palavras que me dizem de ti amada
Eu ouvirei das estrelas as palavras que faltam em ti, amor

Não sei

Eu já não sei mais que amor é este
Já não sei mais aonde começa o dia
Onde a noite dorme sob as estrelas
E se encanta...
E sob a luz das estrelas este é seu dia
Não sei das flores o perfume que elas têm
Nem sei mais como é sentir saudade
A saudade tornou-se o instante passado
No presente
A saudade anda ao meu lado
Anda junto a tua ausência
Não sei mais o que é pecado
Teu corpo juntou-se ao meu
E o perdão que a cruz me deu
Tem o meu pranto guardado
Já não sei como dizer
De tantas formas já disse
Que este amor que é só teu
É o amor que foi guardado
Desde a minha meninice
Não sei dos teus olhos quando me olham
e vão embora sem que os veja
Não sei das minhas mãos quando enlaçam as tuas
e caminhamos nas ruas
eu de ti enamorado
num sonho
sem
fim
ornado
Não sei das estradas que sigo
quando vou buscar estrelas
para te dar em segredo
e depois brincar contigo
Já não sei mais o que é perigo
Já não sei o que é o medo
das sombras que a noite traz
Não sei das horas, do tempo,
Já nem sei o que ele faz
Não sei mais o que é distância
Tudo em mim mora tão longe
O amor, o sonho, o riso
Tão longe mora tudo que eu preciso

o ar
a água
o mar
os teus olhos

a flor
o sim
o amor
o teu corpo

a lua
a noite
a rua
o teu beijo

o abraço
a mão
o dedo
o teu toque

o som
o silêncio
o segredo
A tua boca

o sol
a luz
o céu
em chamas
acendendo a luz da vela

o carinho
o fim
você
Meu amor!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Noites sem mistério

Antes que teus olhos durmam numa noite sem mistério
Antes que eles durmam sem achar a minha casa
Antes que dormitem sob o anjo e a sua asa
Deixai-os percorrerem por estes oceanos
Onde eles descem e ao mar se casam
Onde o céu encosta por um triz
Deixai eu olhar teus olhos
Na noite sem mistério
Para que eu
Durma
Feliz

Vício

Tuas mãos emaranhadas entre as minhas
Segredando o teu desejo ao pé do meu
Em palavras nuas e versos já despidos
Meu corpo e gestos respirando o corpo teu

O beijo longo, carícia lenta em teus mamilos
Roçando a penumbra da tua pele alva
Onde guardei a fúria dos meus silêncios
A escutarem o que o teu corpo nu falava

Teu ventre pressupondo mais carinhos
No teu púbis a minha lingua escorrega
As tuas coxas pedindo a minha boca
No teu delicioso momento de entrega

A minha sede eu bebo longamente 
No vão das tuas pernas entreabertas
Teu sexo, chama molhada, rio perene
Aos meus lábios seu pistilo se aperta

Teu cheiro fica inteiro em minha pele
O doce acre da tua flor em eclosão
É o gosto que lateja em minha língua
Dizendo amores da mais pura floração

E ao te amar teu corpo soa como um vício
Os teus contornos à luz da vela são fissura
Bebo o teu cheiro, beijo tua boca e tua saliva
E o teu prazer encharca o meu com tua candura


São teus sabores que guardo em minha boca
É o suor da tua pele a guiar-me em teus caminhos
É a tua voz rogando pecados aos meus ouvidos
São teus licores a misturarem-se aos meus vinhos

A tristeza sou eu

Triste é o amor que tem de ir embora
Pela vida a fora só vivendo o adeus
Triste, esta melancolia
Que pôs a saudade nos meus olhos
Onde, agora, morrem os meus dias
Morre um céu dentro do peito
Choram estrelas luzidias
Chora a precária ilusão
De que no tempo desfeito
Possa ainda haver um jeito
De não voltar pra solidão
De escapar deste degredo
Da voz engolir o medo
Dos olhos fugirem da escuridão
Solidão, por que me queres assim,
Só para ti?
Porque não podes me ver amar?
Como se no amor que se desfaz
Eu não encontrasse a paz
Não encontrasse meu riso
Não encontrasse a alegria
Encontrasse só este sentimento impreciso
Que agora encobre meu canto
Que agora esconde a minha face
Só deixando ver o meu pranto
E tu, solidão, sina ingrata,
Julgando o meu amor falso
Tiras de mim este amor
Levas o sonho que é meu
Sem se preocupar com a tristeza
Sem atentar que a tristeza...
...Que a tristeza sou eu