domingo, 2 de setembro de 2018

A casa dorme


a casa dorme
a madrugada
caminhando para o dia
é fria
a mulher dorme
confessando sua meiguice
o filho dorme em seu quarto
confessando sua presença
dormem os teus olhos
dentro do meu olhar
confessando todos os teus segredos
os barcos dormem
na tessitura das águas insontes
pássaros passam
levando sossegos e estrelas
dizendo nostalgias
a noite dança lá fora
por sob o céu e os penhascos
as sombras perfumam os copos dos lírios
a lua passa
por entre os seios da mulher sozinha
eu me inquieto
buscando-me no pânico da noite
sopram os ventos
a canção encontra lembranças
encanta sonhos e momentos
na madrugada em meu peito
tudo é abandono e silêncio