terça-feira, 30 de outubro de 2018

Cativos mundos


sou vulcão de lábios roxos
por vezes lago silente
o vento sibila premente
como o piar escuro dos mochos

lágrima que ainda vai nascer
nos olhos cinzas da neblina
o tempo passa mofina
carregando o anoitecer

trazendo de cativos mundos
os olhos negros das flores
o aroma rosa de amores
amores, os mais profundos

O vento sibila segredos


o vento sibila segredos
esconsas memórias
neste inverno infrangível
a bruma ingente da manhã
cobre a vida de mistérios
enche o dia de degredos
medos
o dia teima em ser escuro
modorrando sua luz
por detrás do muro
onde verdes ramos brotam
alheios à insone espera
meus olhos
que já não sabem chorar
as lágrimas dessentidas
secas em meu rosto
são dois sóis mansos
caminhando para a tarde
no crepúsculo que vem do mar
trazendo histórias soltas
que apanhou em terras muito distantes
no silêncio de algum lugar