terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mares

Quantos mares entre nós
Onde as águas nos conhecem
Onde o silêncio da distância
Está inconsútil em minha voz

Lábios...

Quando roço meus lábios nos lábios teus
Num beijo que se insinua cálido e molhadinho
Teu gosto vai me possuindo devagarinho
Percorrendo meus caminhos que já são seus 

Carinhos

Hei de me perder em teus instantes
Quando a noite vestir-se de carinhos
Desnudar-nos em beijos de amantes
Guiar-me ávido pelos teus caminhos

Hei de sorver teu corpo em desalinho
Na madrugada nua e clara da aurora
Beijar tua flor lentamente, gostosinho
Bebendo o teu gosto ébrio que aflora

Na minha boca tu bebes o teu sabor
No beijo que eu te trago ternamente
Nossos corpos ainda falam de amor

Enquanto o dia nos espia docemente

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um gesto teu

Hoje meu coração correu à janela para te ver passar em teus caminhos
Caminhavas por entre os meus sonhos antigos, doridos e cansados
Em meio às minhas tantas saudades palpitantes e dispersas
Distraída, passeavas teu perfume pelo meu sentimento,
Colhendo em minha alma flores de cores diversas
As flores úmidas de sonho, soltas ao vento
Que os teus olhos embebiam de azul
Enquanto as gotas de orvalho
Dormiam em meus olhos
Esperando apenas
Um gesto teu
Para rolar
e
C
A
I
R

,
,
,

Entrega

A ti, amor, entrego as minhas palavras
Entrego meus gestos, a sede do beijo
Te dou minha vontade, meu desejo
Entrego o meu peito em fogo
Entrego a noite que dorme
E nela os meus sonhos
Os meus amores
Tão carentes
De você
Amor

domingo, 28 de novembro de 2010

Soneto do amor perene

Tu, amor, és a flor que guardo na lembrança
Guardo de ti o olhar enternecido de criança
Guardo em meus lábios o gosto dos teus beijos
Guardo nossas tardes sôfregas de desejos

O nosso amor que nasceu como nasce a poesia
Que em tantas letras fez de nós nosso sonhar
Perseguindo estrelas, rabiscando saudade na alegria
Despindo as noites vãs onde escondia-se o luar

Foi amor intenso recriando infinitas madrugadas
Onde os meus sonhos peregrinos eram todos para ti
Nas noites longas, úmidas das lágrimas derramadas

Hoje em minha Alma algo de triste se esquece e sorri
Nos meus braços silenciosos dorme um tépido sentir,
Este amor perene e a angústia inescrutável de existir

sábado, 27 de novembro de 2010

Partida

Quando eu fui embora
Teus olhos não me olharam
Tua mão não me disse adeus
Teus lábios nada falaram
Calaram os braços teus
As flores, tristes, choraram
Molhando os olhos meus
E para uma mulher tão linda
“Eu te amo” era minha frase dileta
Que está nos meus lábios ainda
Está na minha emoção de esteta
No sentimento que nunca finda
Ficou a palavra quieta
Olhando a saudade infinda
Recitando versos a um poeta

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Amor por inteiro

Amozinho,
sente o meu abraço
deixa eu te tocar com meu beijo
enquanto nossos olhos se procuram
enquanto as nossas mãos são só carinhos
Amozinho,
afasta esta saudade
deixa eu te beijar com meus afagos
para que o dia em que amanheci sozinho 
não seja mais que um dia a menos pra te ver
e sentir teu corpo junto ao meu
e beijar teus lábios
passar minhas mãos pelos teus cabelos
te abraçar num abraço quieto
e viver meu sonho
grande e verdadeiro
e dizer "te amo"
como tantas vezes digo
como todas as vezes sinto
"TE AMO"
no meu amor
por inteiro

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vida em vão

Também sinto saudade
Saudade de um não ser
Saudade que é não ter
O sentimento lasso
A vida vivida em vão
Saudade palavra guia
Para o encontro com a solidão

Gosto

Gosto tanto quando você diz que gosta de mim

Gosto tanto destas pequeninas coisas assim

Gosto de ver teu sorriso olhando direto pra mim

Gosto da tua meiguice quando você tá a fim

Gosto de olhar nos teus olhos e me perder neste olhar

Gosto de pegar tua mão e sentir teus dedos trançados nos meus

Gosto de beijar tua mão enquanto meu coração pára pra te sentir

Gosto do sonho trançado nos fios do meu sentimento

Gosto do gosto gostoso do teu beijo

Gosto do teu jeito sapeca de me namorar

Gosto quando no meu gosto tem o teu gostar

Gosto quando a noite chega e traz você pra mim

Gosto quando as estrelas saem pra vir me buscar

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Primeiro beijo

Na primeira vez que te beijei
O amor era longe e o sonho imenso
Aos teus lábios o meu amor eu sussurrei
Aos  meus  lábios  tu  dissestes  amor  intenso
E ao brilho da manhã de um céu despido
A  luz  nos  espiava  pelas  frestas
De um fevereiro enternecido

É tudo amar

Porque as palavras fogem de mim quando quero dizer quanto te amo?

Quando a flor, o céu, o sol, é tudo amar

Porque as palavras de mim se distaciam?

E quando me aproximo elas mudam de lugar?

Se a ave que voa, um dia que nasce, a luz que fia... é tudo amar

Porque não podes ouvir da minha boca as palavras que pressinto ao te amar?

Se o mar tão longe, a noite infinda, a pequenina estrela, é tudo amar

Porque tem palavras que não ousam me encontrar?

Se o beijo terno, o abraço longo, a mão que brinca, é tudo amar

Porque tem palavras que não me chamam pra brincar?

Se o riso solto, a voz que canta, a mão que toca, é tudo amar

Porque tem palavras que se divertem em me enganar?

Se a saudade, o gosto, o gozo...é tudo amar

Porque, amor?

Não sei por quê

Quanto mais te amo e amo e amo

Menos eu sei te dizer

Porque as palavras fogem de mim depois que eu amo você?

Amor, eu te amo
Da largura dos oceanos
Da altura de um céu
Grande como são os anos
Frágil como barco de papel

Coração do oceano

Eu quero te dar meu colo
Quando você for dormir
Te dar o sonho mais lindo
Que na noite possa existir

Eu quero te dar as flores
Que colhi durante o sono
Para enfeitar os teus dias
Nestas manhãs de outono

Eu quero te dar carinho
Beijinhos pra te acordar
Te entregar de manhã
A última luz do luar

Eu quero te dar meu amor
Em todas as horas do dia
Junto com meu bem querer
Inebriado em fantasia

Eu quero te dar as velas
Feitas de sonho e de pano
Que me trouxeram a você
Meu Coração do Oceano

Ciranda

Rimos o riso useiro e vezeiro
Que em nós tem um bocado
Rimos dos rumos da vida
Praia, frango, farofeiro
Num domingo ensolarado
As águas são fezes pura
Mas pra esta vida dura
Sem caninha e sem viola
Que não tem o seu ipod
Tem saudade da eletrola
Chiando o velho disco
Cartola e Adoniran
Para um bom entendedor
Um risco quer dizer Francisco
E nestes dias de frio
Cadê meu cobertor de lã
Pra janta só ovo frito
Pra comer de olhos fechados
Sonhando coxa de rã
E nesta terra perneta
Sem ontem nem amanhã
Pede ai pro estafeta
Entregar um recado meu
Diz aí pros seu “doto”
Que o dinheiro na gaveta
Já vestiu meia e cueca
Agora é aquela meleca
Na hora da divisão
Eu te roubo, tu me roubas
Assim ninguém é ladrão
A minha parte eu vou guardar
É embaixo do colchão
Que eu não confio em banqueiro
Eita povinho atrevido
Trabalha com meu dinheiro
Ainda me cobras taxas e juros
Ave Maria esconjuro
Isto sim é que é ladrão
Antigamente dizia

Qual a minha comissão
Agora é na adivinha
Eu vou enfiar outra linha

Pra tricotar com vocês
Já que iniciei a missiva
Então vam’bora escrever
Até os dedos doerem
Ou ficarem em carne viva
Assunto é o que não falta
Por que nóis aqui da malta
Não temos o rabo preso
E o que nóis pensa nóis diz
Sem medir tamanho e peso
E quem não gostou, por favor
Não se faça de rogado
Contrate um reles rábula
Ou um bom advogado
Por que aqui com nóis é assim
Escreveu num leu é anarfa
O juiz dá a sentença
Dotô tome tenença
Que aqui o senhor não se cria
Nóis sabe de tudo um pouco
Do gato à mais valia
Aqui quem faz as leis somos nóis
Da calça eu aperto o cós
Pra caber a garruncheira
Eu gostei da brincadeira
Joguei fora o meu cansaço
Porém agora vou indo
Já mandei o meu recado
Pras meninas fricoteiras
Fica aqui o meu abraço

Sem teus olhos

Sem teus olhos,

As manhãs demoram-se para acordar

Os dias procuram teus olhos de menina

O sol não encontra motivos pra brilhar

O azul que veste o céu desbota e desatina

Escondem-se, sem cores, as águas do mar

O astronauta olha de cima e a luz calcina

E quando vê-se que o dia não amanhece

Que os delphiniums azuis não vão brotar

Que a vida envolta em sombras não acontece

Que as nuvens não têm por onde caminhar

E sofrêgas esperam pelo destino que as esquece

Tudo fica a espera... a espera do teu olhar

Sem teus olhos só sobram noites sem luar...

Sozinho

Ficou o sonho desfeito
Entranhado na minha mão
Ficou a noite aos pedaços
Os astros em solidão

Ficou o frio do agora
No dia que se seguiu
Ficou o dia sem hora
A noite que não se viu

Ficou a boca arfante
Do beijo que se escondeu
Ficaram os olhos diante
Do Amor que se esqueceu

Ficou a cama desfeita
Os lençóis em desalinho
Ficou sob os travesseiros
O sonho cheirando a carinho

Ficou no corpo a saliva
Leitura do nosso amor
Ficou tua lembrança viva
Retinta na minha dor

Ficou pairando a saudade
Ficou no adeus o caminho
Ficou o travo da realidade
Ficou meu amor tão sozinho

Te esperei

Te esperei com meus braços abertos para te receber num abraço que só existiu em mim. E as minhas mãos prontas para afagar o teu rosto ficaram perdidas no ar, no silêncio do gesto que não houve. Te esperei como te espero todos os dias, buscando dentro de mim a palavra mais doce que eu possa te dar. Te esperei em cada momento onde o meu sentimento supunha te encontrar. Te esperei como o amor espera a presença da pessoa amada para se encantar das coisas mais bobas que tornam o amor tão singelo. Te esperei entre os meus sonhos tão banais. Te esperei na palavra que não foi dita. Na palavra que se escondeu na tua ausência. Te esperei enquanto o meu mundo se dissolvia em sombras. Te esperei nos versos que te fiz. Te esperei na poesia que você não quis. Te esperei sem saber se o meu amor te dizia alguma coisa. Te esperei achando que o amor era tudo. Te esperei achando que o amor era fácil.

Te esperei...

...Mas, você não pôde vir.

Luas antigas

Espero o mar silente preencher o escuro da noite das luas mais antigas, ancestrais
Que em silêncios arrasta-me para o porto dos barcos rumo ao infinito, nada mais
Pelos caminhos de fogo e águas, razão e loucura, abismos inatos do meu céu
Onde as aragens sorvem em goles os meus pensamentos como a um fel
Onde as miragens viram teus olhos irem embora rumo ao oceano
Nos caminhos por onde andam as mágoas, anda o engano
Anda o ventre túrgido das saudades, uma velha amiga
Espero, no mar silente, a noite da lua mais antiga
No achar e me perder sem fim, sem nada ter
Na saudade que ficou retinta em meu ser
E que como um manto em mim cingido
Me agasalha como um traje puído
Como uma velha roupa rota
Como uma palavra solta
Que não serve mais
Espero a noite das luas mais antigas, ancestrais
Para que estes sentimentos opacos e banais
Onde caminham o fim dos meus passos
Possam calar os meus cansaços
Debicar os meus momentos
Confranger os ventos
Ver nascer a flor
Nascer o dia
Nascendo
O dia
...
Me
Encontrar
Amor

Realidade

Vida com gosto de era
Olhos com ares de sendo
Tudo é sonho e quimera
Tudo que é vivo morrrendo

Beijo com gosto de sal
Abraço com gosto de tudo
A mão do adeus no final
Meu sonho só, triste e mudo

Você com gosto de fim
O mundo cheirando à saudade
Teu gosto não mais em mim
É o gosto da realidade