domingo, 1 de maio de 2011

Ondular

ONDULAR

Carla Furtado


O teu corpo adormecido sobre o meu
As tuas mãos abandonadas sobre mim
E nos meus olhos a beleza dos caminhos
Que juntos vamos caminhando até ao fim.

Estrelas ardentes flutuam no meu peito
Sinto-me noite, uma noite funda assim
Como a corrente de água limpa que transborda
Dessa nascente cristalina que há em ti

Ah! À nossa beira, amor, cresceram flores
Plantadas pelas nossas próprias mãos
O teu corpo de homem novo semeou
O que na minha terra fértil se fez pão

Sibilante a aurora nasce tão quieta
Traz o cheiro e a frescura dos começos
Como tu ao acordar trazes gaivotas
Assinalando tempestade em mares incertos

No teu perfil desenham-se as paisagens
Dos montes, das serras, dos altares
E de todas as coisas altas, fortes e eternas
Com que imprimes de saudade o meu olhar

Ah! À nossa beira, amor, cresceram mares
Veludo azul, azul de navegar
Correntes livres serenando imensidades
Sob o teu corpo no meu corpo a ondular

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