coberto apenas pela luz do verão
enquanto te descrevia pelo meu sangue."
Juan Gelman.
In "Fábricas de amor".
Amor que serena, termina? Editora Record, 2001.
O tempo derrama sobre o dia o ópio das horas
As sombras vêm para a tarde
Erguendo a noite do chão
A luz do verão consome-se lentamente
O dia morre, então
O Universo que desconheço,
meu universo em meus livros,
meus textos,
o grande engano dentro de mim,
o que penso, o que intuo, o que sinto,
são impermanentes e perecíveis
A vida é indagação
O passado vivendo irremissível dentro do velho espelho da mente
É medo o outro e divagação
O sonho indigitado já vem usado, surrado
É sonho de segunda mão
O menino que ama Pingo
Soluça sua entrega na rua em busca de sensação
Um dia você falou tanto silêncio aos meus olhos
E disse tanto gesto cheio de ilusão
A saudade me olha com seus olhos baços
A saudade é inverno e consumação
eu não
eu não
eu não
eu não tenho bem certeza
se a morte ainda me quer
ou se me dissolverei no vento
como a poeira do chão
se a morte não me quiser
Tremi
Quando o vento passou
E o mundo tremeu comigo
Abalando a luz que sustentava o dia
Enquanto te descrevia
Como o silêncio escreve,
Reescreve e descreve
Na noite volátil e leve
A mais delicada e terna poesia
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