sábado, 14 de maio de 2016
Nada detêm a fera
nada detêm a fera
nem o grito estrondoso
nem o soco vigoroso
nem a tocaia da espera
nem o latejar da veia
nem o rosnar dos cães
nem a litania das mães
nem a nossa cara feia
nem a luta cotidiana
nem os muros que erguemos
nem toda a força que temos
nem o fio da durindana
nada detêm a fera
nem mesmo o asco do povo
nem mesmo a Verdade e o Novo
nem mesmo o fogo e a Quimera
nada detêm a fera
nada detêm a trapaça
do golpe no sonho da massa
ignorando o sol nas flores da praça
nada desata a mordaça
da estória e seu patrão
oprimindo os que não tem pão
com a verborragia e a farsa
nada detêm a fera
e a sua malta vadia
apagando a luz do dia
enquanto a manada espera
nada,
nada como esta lei do cão
que anda de traição em traição
neste mambembe país
onde tudo está por um triz
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