domingo, 5 de dezembro de 2010

Quando você se foi

Estamos de novo em casa sem você
Eu e o meu coração
Eu e a minha ilusão
Eu e o meu amor que não se cansa de te amar
Eu e o sol que canta uma canção de verão no frio dia de inverno
Uma canção que quer te olhar
Uma canção para os meus olhos
Meus olhos estão postos em ti
Em ti e na nossa distância
Ouvindo cantigas do mar
O grande mar do segredo que leva você de mim
Meus olhos, que sem que lhes peçam, choram por ti
Naufrágos entregues sem céu, nem oceano
Minha emoção é uma espera incontida
Que dorme escutando a solidão
Meu amor é a gota de uma chuva prestes a cair
É a gota da lágrima que fica entre um ir e um vir
Meu amor é a vida buscando luz no teu dia
Buscando em teu seio o mistério da alegria
É a vida num pranto dorido chamando por ti
A vida chorou longamente quando você se foi
Eu vi os olhos inchados da vida
Os olhos vermelhos da vida
Eu vi a última lágrima que caiu antes dela dormir... cansada de chorar
Eu vi o sono profundo em que ela caiu por entre soluços
Quando a vida dormiu eu vi o amor sentado ao seu lado
Velando seu sono
Afagando sua cabeça
Beijando seu rosto molhado
Molhado de saudades
Deixando tanta dor na face clara da vida
Com seus olhos ternos o amor murmurou uma cantiga assim;

"Não chores bela criança
Que o sonho vem te acordar
Teu coração não se cansa
De ao mundo fazer amar

Não chores sopro Divino
A tristeza já vai embora
Teu coração é menino
Que para amar não tem hora"

O amor cantou, afagou e beijou a vida
Deitou-lhe os olhos cheios de doçura
Beijou-lhe as mãos pequeninas
Sentiu-lhe o corpo estremecer num soluço
Afagou-lhe os lábios como quem pede silêncio
A vida dormia um choro profundo
Dormia o choro do mundo
E o amor, cativo daquela dor, ao seu lado ficou
Só foi embora quando a despedida não podia mais esperar
E deste momento fez-se a saudade
E da saudade fez-se o meu fim
Amor, queria pedir-te uma coisa:
Não fica longe de mim!

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