Quando a gente tá apaixonado tudo é bom...
Até uma surra de cinto
de toalha molhada
de vara de marmelo
de fio de ferro
de chicotão
de chicotinho
de tira de borracha
de chinelo fulero
de chinelo havaiana
de chinelo bacana
de cabo de vassoura
de vassoura sem cabo
do que estiver à mão
de corda trançada
de corda "in natura"
de corda estirada
de sarrafo
de madeira,
lenha ou pau
de bengala ou cajado
de báculo
é que é o tal
de tapa na bunda,
ou onde acertar
o gostoso é você bater
e eu apanhar
uma surra do destino
uma surra sentimental
uma surra sem pena nem dó
uma surra de deixar o corpo mole
uma surra de dar nó
mais ardente, mais ardente...
lanha-me o corpo...
que maravilha
Ah! Este morrer que se avizinha
Bate mais, amorzinho, bate mais
com o que tiveres às mãos
e o que te disser o pensamento
e que os meus ais sejam
suave cantiga aos teus ouvidos
aproveita, vive o momento
que enquanto houver sentimento
o apanhar é unguento
é linimento
mereço
ai, amor, que desfaleço
choro convulso
soluço e gargalho
Pode bater...
pode bater que não faz mal
Quando a gente tá apaixonado
tudo é muito surreal
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
domingo, 24 de agosto de 2014
Morre-se
Morrer...?
Morre-se todos os dias
Outra vez
Outras vezes
Em campos desabitados
No longo nada da estrada
Entre as sombras do Tempo
Insano prisioneiro das horas
Relógios apregoando ilusão
Morre-se, agora
Sonhando mundos difusos,
Loucos, utópicos, confusos
Sonhando lugares sem nome
Sem contornos
Sem passos a percorrê-los
Sem cores, sem luz, sem adornos
Apenas imagens de sal,
Inauditas
Solitárias
Morrer...?
Morre-se todos os dias
Morre-se em todas as cores
Morre-se de todas as dores
Morre-se, mais raramente,
de alegria,
De quimeras e fantasias
Morre-se!!!
Morre-se todo os dias
De tristeza,
Medo
E degredo
Morre-se obscuro
Em segredo
De testemunha somente um cão
Morre-se do gotejar da vida
Do son(h)o de todos os dias
De apatia
Amor/desamor
Solidão
De delírios
Utopia
Paixão
Agonia
Vozes na noite
Inquieta
Agônica
Morre-se porque morrer
É o que há depois do jardim
De ilusões e apegos
Morre-se porque morrer
É o imanente renascer no fim
Morre-se todos os dias
Outra vez
Outras vezes
Em campos desabitados
No longo nada da estrada
Entre as sombras do Tempo
Insano prisioneiro das horas
Relógios apregoando ilusão
Morre-se, agora
Sonhando mundos difusos,
Loucos, utópicos, confusos
Sonhando lugares sem nome
Sem contornos
Sem passos a percorrê-los
Sem cores, sem luz, sem adornos
Apenas imagens de sal,
Inauditas
Solitárias
Morrer...?
Morre-se todos os dias
Morre-se em todas as cores
Morre-se de todas as dores
Morre-se, mais raramente,
de alegria,
De quimeras e fantasias
Morre-se!!!
Morre-se todo os dias
De tristeza,
Medo
E degredo
Morre-se obscuro
Em segredo
De testemunha somente um cão
Morre-se do gotejar da vida
Do son(h)o de todos os dias
De apatia
Amor/desamor
Solidão
De delírios
Utopia
Paixão
Agonia
Vozes na noite
Inquieta
Agônica
Morre-se porque morrer
É o que há depois do jardim
De ilusões e apegos
Morre-se porque morrer
É o imanente renascer no fim
sábado, 23 de agosto de 2014
Luzes da aurora
Por que, Senhor , Vós
Me destes as trevas depois
De eu viver tanta luz?
Por que me distanciei do lar
Onde habitava e viajei um mundo
De delírios, devaneios e fantasmas
(Leila Echaime in "Poesia Reunida" - "Delírios")
E agora que farei...
Se tua pele ainda acalenta as minhas mãos
Se os nossos sonhos,
exaustos,
ainda dormem em meu travesseiro
Se as luzes da aurora escorrem nas vidraças
embaçadas pelo sol ainda frio da manhã?
Se as manhãs já não sabem dizer o que é passado?
Na casa ainda vivem o gesto e o passo,
abrindo portas,
tardando a chegar dos álgidos outonos
Ainda vivem palavras
neste silêncio tão sozinho em mim
Por entre as rosas e os jasmins sopra a brisa
íntima e derradeira
Enlaço-me a essa brisa esbatida em tons vermelhos,
brancos, amarelos, rosados,
recitando monólogos sobre o jardim
e parto,
antes que o dia nem bem nasça
e que na brisa que passa
como eu chegue ao seu fim
Muitos são os sonhos
Muitos são os sonhos
Ser outro
Ser poeta
Ser bispo
Ser rei
Ser a grei
Ser homem
Ser gente
Ser anacoreta
Ser a sorte
Ser a vida
Ser a morte
Ser pássaro
Ser serpente
Ser o soldado possesso
Ser o juiz
Ser processo
Ser o réu
Ser morto
para ser anjo em um céu
Poucos são os dias
para responder a tanta pergunta
para ouvir o silêncio da alva da alma
enquanto se morre sitiado pelo engano
aleivosia umbrática de um outro dia
de outra(s) vida(s)?
Muito o tempo gasto
para construir
e defender a persona
e as tantas máscaras
com as quais simula-se a vida
e esconde-se e sufoca-se o Eu
serpente
inoculando-se de veneno
oráculo
silencioso,
entre o sonho e a razão
Lá fora a noite acende os lampiões
e a chama de pedra
Inicia-se, assim,
mais um fim de dia
Gemem os ventos antes do sono
O sono espera enquanto deambulo
da infância à morte,
da total covardia
ao mais intemente ato de coragem
Muitos são os sonhos
Tantas as portas
Antigas
Encobertas pelas sombras
Tantos os desafios
Sentinelas
Perguntas que nunca serão feitas
respostas que nunca acenderão
o fogo para iluminar
a noite da existência
Parca é a vida
e seu pulsar inconstante
e seu arrítmico segredo
e seu imanente medo,
lento e arraigado
que escorre pela face
e cai em gotas
manchando os desertos
habitados pelo tempo
que se autofagia
lenta
e permanentemente
Quantos agostos atravessei?
Quantos outros agostos atravessarei
sem que eu saiba
da montanha o ventre, o olor?
Meu nome é igual ao de tantos outros Josés
Nada me cura da febre
e do muito barro que comi
e que me trouxe até aqui,
por todo este tempo de ilusão,
o mar silente,
o caminho iluminado
pelas luas antigas
deixando um rastro de prata
na superfície azinhavrada do espelho
onde velo a cada instante
tudo aquilo que eu era antes
e somente antes do fim
Ser outro
Ser poeta
Ser bispo
Ser rei
Ser a grei
Ser homem
Ser gente
Ser anacoreta
Ser a sorte
Ser a vida
Ser a morte
Ser pássaro
Ser serpente
Ser o soldado possesso
Ser o juiz
Ser processo
Ser o réu
Ser morto
para ser anjo em um céu
Poucos são os dias
para responder a tanta pergunta
para ouvir o silêncio da alva da alma
enquanto se morre sitiado pelo engano
aleivosia umbrática de um outro dia
de outra(s) vida(s)?
Muito o tempo gasto
para construir
e defender a persona
e as tantas máscaras
com as quais simula-se a vida
e esconde-se e sufoca-se o Eu
serpente
inoculando-se de veneno
oráculo
silencioso,
entre o sonho e a razão
Lá fora a noite acende os lampiões
e a chama de pedra
Inicia-se, assim,
mais um fim de dia
Gemem os ventos antes do sono
O sono espera enquanto deambulo
da infância à morte,
da total covardia
ao mais intemente ato de coragem
Muitos são os sonhos
Tantas as portas
Antigas
Encobertas pelas sombras
Tantos os desafios
Sentinelas
Perguntas que nunca serão feitas
respostas que nunca acenderão
o fogo para iluminar
a noite da existência
Parca é a vida
e seu pulsar inconstante
e seu arrítmico segredo
e seu imanente medo,
lento e arraigado
que escorre pela face
e cai em gotas
manchando os desertos
habitados pelo tempo
que se autofagia
lenta
e permanentemente
Quantos agostos atravessei?
Quantos outros agostos atravessarei
sem que eu saiba
da montanha o ventre, o olor?
Meu nome é igual ao de tantos outros Josés
Nada me cura da febre
e do muito barro que comi
e que me trouxe até aqui,
por todo este tempo de ilusão,
o mar silente,
o caminho iluminado
pelas luas antigas
deixando um rastro de prata
na superfície azinhavrada do espelho
onde velo a cada instante
tudo aquilo que eu era antes
e somente antes do fim
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Phóbos et dementia
Conflito em Gaza já matou 392 crianças, diz Unicef
Outras 2.502 crianças ficaram feridas desde o inicio da ofensiva de Israel
Órgão da ONU estima que 370 mil menores precisem de ajuda
(Fonte: G1 - Mundo)
Será que o homem não cansa
da desesperança,
de fazer sempre o mesmo gesto
em direção à guerra insana,
forjada nos gabinetes,
cheia de ódios e estigmas,
misto de insanidade e ganância?
Será que nunca viu ou ao menos ouviu
o riso e o canto das crianças voltando para casa?
Hoje doem os caminhos amedrontados pela impiedade
E mesmo assim há um Deus resoluto e intemente
clamado pelas forças daqui,
invocado pelas forças de lá,
ameno como a fonte que molha as terras antigas
e dá de beber à sina e ao fogo divagante
A guerra, castelo do medo
calado e doloroso,
mistério estéril onde a palavra plange
e soluça sobre a poça de sangue
A guerra,
infensa e sem trégua,
negra em seus dois minutos de ódio
serve a quem, Senhor?
A morte alicia-lhe os dedos
que apertam o gatilho,
que pressionam o botão...
o míssil rasga o céu
aonde a noite se debruará de estrelas
O vento vermelho transporta a escuridão
A intolerância sacode as manhãs
úmidas do sangue maniqueísta
Povo de Israel
Povo da Palestina
No ar ardem o grito e a angústia
Arde a treva imersa em dor, loucura
e delírios de poder
Somos todos um povo só
Um sonho latente
Enquanto a estultice da guerra caminha
gemendo intangível,
vertendo sangue quente de entre as areias
calcinadas da intolerância
A guerra tem gosto de terra entumecida de sangue
A guerra é inexplicável
e a vida é esta monotonia besta
onde o sonho fraterno é palavra aflita
e a ternura é degredo,
é segredo indizível,
é o único sentido quando surge a noite
envolta em rumores de explosões
e o ar respira as lembranças da infância
onde mora um rei desnudo,
moram um grito e o fogo,
e o destino joga as cinco pedrinhas
nos jardins azinhavrados de um castelo de lata
E da acre lágrima a criança inventa o sonho de um novo dia
Assim como inventa a sempre cálida primavera
a se colher nos campos
apascentada pela poesia
a sede de um mundo maior que o homem
e um tempo sem hora e sem medo
e o amor fulgindo da neblina das manhãs
e onde só havia agonia e opressão
vicejará a paz e a vida
por que reconheço em ti meu irmão
e tu reconheces em mim teu irmão
e neste encontro far-se-á uma única Nação
feita de Vida e Liberdade
E a paz se dirá nas ruas
e se fará nas almas,
subirá ao cume das montanhas
e no silêncio das palavras
e na eloquência de um gesto de amor
entoará hinos e loas à compaixão
e todos saberão dizer do mantra da paz,
e as crianças, então, farão do mundo
um clamor ávido de sonhos e fantasia
e cantarão a sua alegria
e valerá a pena ver nascer um novo dia
Outras 2.502 crianças ficaram feridas desde o inicio da ofensiva de Israel
Órgão da ONU estima que 370 mil menores precisem de ajuda
(Fonte: G1 - Mundo)
Será que o homem não cansa
da desesperança,
de fazer sempre o mesmo gesto
em direção à guerra insana,
forjada nos gabinetes,
cheia de ódios e estigmas,
misto de insanidade e ganância?
Será que nunca viu ou ao menos ouviu
o riso e o canto das crianças voltando para casa?
Hoje doem os caminhos amedrontados pela impiedade
E mesmo assim há um Deus resoluto e intemente
clamado pelas forças daqui,
invocado pelas forças de lá,
ameno como a fonte que molha as terras antigas
e dá de beber à sina e ao fogo divagante
A guerra, castelo do medo
calado e doloroso,
mistério estéril onde a palavra plange
e soluça sobre a poça de sangue
A guerra,
infensa e sem trégua,
negra em seus dois minutos de ódio
serve a quem, Senhor?
A morte alicia-lhe os dedos
que apertam o gatilho,
que pressionam o botão...
o míssil rasga o céu
aonde a noite se debruará de estrelas
O vento vermelho transporta a escuridão
A intolerância sacode as manhãs
úmidas do sangue maniqueísta
Povo de Israel
Povo da Palestina
No ar ardem o grito e a angústia
Arde a treva imersa em dor, loucura
e delírios de poder
Somos todos um povo só
Um sonho latente
Enquanto a estultice da guerra caminha
gemendo intangível,
vertendo sangue quente de entre as areias
calcinadas da intolerância
A guerra tem gosto de terra entumecida de sangue
A guerra é inexplicável
e a vida é esta monotonia besta
onde o sonho fraterno é palavra aflita
e a ternura é degredo,
é segredo indizível,
é o único sentido quando surge a noite
envolta em rumores de explosões
e o ar respira as lembranças da infância
onde mora um rei desnudo,
moram um grito e o fogo,
e o destino joga as cinco pedrinhas
nos jardins azinhavrados de um castelo de lata
E da acre lágrima a criança inventa o sonho de um novo dia
Assim como inventa a sempre cálida primavera
a se colher nos campos
apascentada pela poesia
a sede de um mundo maior que o homem
e um tempo sem hora e sem medo
e o amor fulgindo da neblina das manhãs
e onde só havia agonia e opressão
vicejará a paz e a vida
por que reconheço em ti meu irmão
e tu reconheces em mim teu irmão
e neste encontro far-se-á uma única Nação
feita de Vida e Liberdade
E a paz se dirá nas ruas
e se fará nas almas,
subirá ao cume das montanhas
e no silêncio das palavras
e na eloquência de um gesto de amor
entoará hinos e loas à compaixão
e todos saberão dizer do mantra da paz,
e as crianças, então, farão do mundo
um clamor ávido de sonhos e fantasia
e cantarão a sua alegria
e valerá a pena ver nascer um novo dia
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