segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017
A escravidão da razão
o homem embosca e deturpa sonhos
abre-os pela metade
passa os olhos viciados e soturnos
e deposita-os no chão
cego de tantas certezas
descarta-os
palmilha medos
enganos
bebe venenos
aspira gases
corre do tempo
preso ao destino
apega-se ao supérfluo
desintegra a matéria
e grita "Heureca!"
o homem perde o alento
no passo incerto e lento do vento
soçobrando nas areias
a andar por caminhos penosos
pelos tempos da memória ancestral
e indecomponível
como o Universo que une o verso
e o homem
siderando o passado
com infrangíveis amarras
com os olhos resignados no chão
e o engano ingente e coagente
da escravidão da razão
morre
entre cansadas certezas
e o grito estancado da solidão
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