sábado, 22 de dezembro de 2012

Silêncio dos quintais

O amor esperando
do outro lado do olhar
do mesmo lado da rua
no tempo das manhãs
que surgiam por entre
as brumas da aurora
escondendo a lua
do amor
que esperando fica
do mesmo lado do olhar
do outro lado da rua

Voam os pássaros do passado,
Maria
Trazem raminhos nos bicos
Raminhos de solidão
que apanharam no silêncio dos quintais

Quintais...
Quintais de terra cochilando
nas tardes ermas
As tardes feitas de terra
feito de terra o luar
de terra feita a minha vida
e a lágrima na terra caída
só não guardei o lugar

O tempo envelhecendo
inelutavelmente,
Maria
O tempo envelhecendo dentro
dos espelhos
dentro das distâncias esbatidas pelo lento
esquecer
Tudo o mais são estas miragens
sem nome
Apenas este sentimento que espera
inutilmente à janela,
contrito
dia após dia,
noite após noite
entre as flores
que a primavera deixou
em meio ao trinar dos pássaros
cântico das manhãs
mantra orvalhado pela névoa antiga
No mais tudo é silêncio
Ouve! Maria,
o silêncio continuado...

...é as borboletas no céu

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