terça-feira, 1 de maio de 2012

Esquecimento

o trigo ondula ao vento
a tarde, uma ilha desconhecida,
recita barcarolas no vago ar de maio
poemas ritmados e alvos como o momento
os pássaros gorjeiam na timidez da tarde alaranjada
sob os olhos a se fecharem no cântico hierático do sol
flutua no ocaso a noite adormecida e seus mistérios
flutua a noite pela paisagem nua sem amor
Os girassóis fecham os olhos do dia
no céu onde caminha a solidão
faz-se inverno e silêncio
                         
                                      [nos meus lábios
                                      [nos teus olhos negros
                                      [na minha agonia
                                      [nos teus seios níveos

Desde o silêncio que se seguiu aos meus olhos
Desde os caminhos desertos que se seguiram aos meus passos
Desde as palavras que desposaram o fogo nu do tempo
Meu coração entardece encharcado soluçando marulhos do mar

                   [Conjugando o solitário semblante do esquecimento,
                                      momentos de uma história sem ninguém

Imagem: Pablo Picasso

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