quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Nunca mais o amor teve onze anos

Saudade...
Velha pousada para antigos sonhos
doces amores
o corpo delicado de Pingo
tão ingênuo o amor
o beijo, assim, demorado
nossa infância sem relógio
só o beijo a nos dizer
da pureza e da impermanência do tempo
o desencontro das tardes
o infinito dos dias
molhando nossos corpos
e nossos segredos consumidos
na saliva
pela pele
onde eu traçava tuas rotas
com a ponta dos meus dedos
carícias
eternas de um acalanto...
devagar
desenhando arabescos no ventre de Pingo
meneios de suores a fugir para um céu
um Paraíso
boca
vulva
a vida: beijo esquecido entre sussurros
cálidos
inocentes soluços
de um gozo escondido em pétalas
nos lábios da flor túrgida de mel
inventando a morte imanente
o amor morrendo em completude
junto com as estrelas
da noite pequenina
com duas estrelinhas lá fora:
a minha
e a de Pingo
nunca mais o amor teve onze anos...
nunca mais...


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