recantos tão escuros
que nenhuma manhã visitará"
Mia Couto.
In Tradutor de Chuvas. Caminho SA, 2013.
O que carrego nas mãos
se não estes escuros
esta sombra da qual me visto
esta noite da qual me sonho
esta distância na qual me morro
esta distância na qual me morro
este tempo ao qual me vendo?
Desde quando tudo demorando em ser firmamento?
A tarde passando assentada
e tudo demorando em ser caminhos de areia
que vão dar num mar sem tamanho,
como uma incomensurável lágrima azul
que vão dar num mar sem tamanho,
como uma incomensurável lágrima azul
o dia restando lacônico
o sol pespontando a existência do rio
e vermelho-amarelando as águas que, dissolutas,
bebem estrelas,
desfocam a lua
e o mundo hesita quando o vento passa já sem grades
e o ar quebrado estremece querendo chover
O que carrego nas mãos
se não estes escuros
esta sombra da qual me dispo
esta noite da qual me pássaro
esta distância na qual me voo
este tempo no qual me extingo?
e vermelho-amarelando as águas que, dissolutas,
bebem estrelas,
desfocam a lua
e o mundo hesita quando o vento passa já sem grades
e o ar quebrado estremece querendo chover
O que carrego nas mãos
se não estes escuros
esta sombra da qual me dispo
esta noite da qual me pássaro
esta distância na qual me voo
este tempo no qual me extingo?
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