quarta-feira, 29 de abril de 2015

O medo


o medo
submerge do noturno
bruxuleante da luz da candeias
que fazem as noites
tão sós
o medo arde
na tarde
que demora
e esquece
e cilicia-se à realidade de nada ser
à vertigem da sombra encobrindo a alma
e à ilusão dos sentidos
no tempo esconso
da memória
leito das horas inauditas e mortas
inelutável prenuncio
de deserto avermelhados pelos sóis e pelos ventos alados
da longa noite ofegante e opressora
lembranças sem nomes
apenas vultos indistintos
que vão criando
a vida vista pela frincha da caverna de Platão
dia após dia
trânsfuga ruminado angústias
e o grito imenso e trágico da vida erma e mendiga
cuspida pela tv nos seus shows de horrores
nos seus dois minutos de ódio
introjetando o medo a um Grande Irmão
visagens habitando a solidão e a sombra
semente de mágoas e tristezas
em tantos tempos estáticos e antigos
caminhos onde a treva permeia o caos
nos círculos concêntricos e intermitentes
das hostes do medo vindas nos ventos plangeando nostalgias
nas flores pisadas pela soberba
onde o medo é a extensão da bruma, deste grito e deste pranto
amalgamados à angústia e a solidão da existência
latente nos cadafalsos
nas guerras atemporais tingindo a noite de vermelho
com seus desoladores cogumelos
como sóis a emergir do abismo
e do medo primordial e cruel escuso dentro de mim

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