O medo
submerge no noturno
bruxuleante da luz das candeias
que fazem as noites
tão sós
soluços chorando adeuses
O medo,
vazio olhar,
esconde o dia
o medo arde
na tarde
que demora
e esquece
latejantes gotas dos dias
O medo
vertigem
linhas
traços
ilusão
de sonhos machucados
assim te esqueço
imagens desmanchando-se em espelhos fictícios
O medo
solidão
deslize
madrugada
indivisa
no tempo esconso
da palavra
cintilantes horizontes acendem as tardes de ouro
O medo
leito das horas
inaudito
inelutável
como o amor
dos poemas embriagados
de ternura
e de antigamente
vôos de pequeninos beija-flores sobre as gotas de orvalho
[que tremem e caem
O medo
lembranças
sem nomes
apenas
sombras
que vão inventando
a vida
dia após dia
Viajante comovido pisando ares e cinzas e sensações
O medo
silêncios
habitando
a solidão
que vêm
com a noite
suspiro da lágrima
que cai,
diáfana
como a manhã
encantada
Pela fresta pálida do céu o sol encaminha o dia no medo debruçado na aurora
O medo
semente
de mágoas
e tristezas
em tantos tempos
estáticos
e antigos
finda no lago
a face dorida
dispersa
na brisa insone
dos caminhos sem vozes
nos círculos concêntricos do lago
O medo é a extensa bruma deste grito e deste pranto latentes dentro de mim
[flores pisadas pela soberba
[entristecidas
[palavras a fenecer em folhas brancas
[de um silente jardim
Nenhum comentário:
Postar um comentário