terça-feira, 2 de outubro de 2012

Solidão

Solidão...

Os relógios dormitam

O soar triste dos sinos
geme no ar junto à lua
redonda

No beiral da noite
a noite recém-cravada
se destende pelo quarto

As sombras desenham
punhais e cansaços

A madrugada chora
sua ilusória realidade
soçobrada

Os grilos cricrilam
mordendo a inquietude
indecisa da iniqüidade

A infinda incerteza
ajaeza de penumbras
a insônia da página
que me escreve

Lamento o vazio da vida

O eco inelutável do
silêncio

O momento molhado
pela lágrima e pela
ausência da palavra

Choro as ternuras
e as eternidades das
noite e dos ventos

e do medo da vida

Imagem: Luna Lee Ray

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