sábado, 31 de outubro de 2015
Noite sem nome
calo,
o grito entreaberto
o gesto apartado
o amor esparramado nas águas,
escorrendo nas pedras,
pisando a madrugada,
está sublimado em tudo,
em ti,
que os meus dedos possam tocar,
minha boca possa beijar,
que os meus olhos possam pensar
e desesperar pois é noite
e ainda és sonho
os dias condenados ao exílio
a noite asilada,
esbatida,
sonha
e não demora a chamar-me,
mas chama-me excluindo o amor
em algum canto de mim nossas mãos,
repousam entrelaçadas,
também dormem
o instante e o tempo ardem
o instante e o tempo tem o teu sabor
e o ardor
de antes de haver o tempo
antes da incerteza do instante
perpassando os momentos trêmulos
e silenciosamente indeléveis
na mansidão dos dias breves
e absortos
as canções feitas de enganos
vadiam em mim
ilhas desgarradas,
ausentes,
vésperas de mares,
ventos inacessíveis
alguns versos
são azuis
e não se calam
e é preciso que não se calem
para dizerem a ternura
e a delicadeza negra dos teus olhos
dentro da nossa noite sem nome
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