quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O ano "novo" será do jeito que a gente o fizer


um dia faz-se de um segundo
depois de outro segundo
fluindo...
enquanto a terra gira
sobre si mesma a uma velocidade de 1.666 Km/h

uma semana faz-se de um segundo
depois de outro segundo
que vão fazendo os dias
depois outro dia
sóis e noites manando no céu
antes mesmo de o tempo ser tempo

um mês faz-se de um segundo
depois de outro segundo
que vão fazendo os dias
depois outro dia
que vão fazendo as semanas
depois outra semana
depois...
luas sem nome demoram-se
em lunações
o tempo de serem fases

um ano faz-se de um segundo
e de outro segundo
que faz um dia
depois outro dia
originando as semanas
depois outra semana
advindo um mês
depois outro mês
depois...
o gosto da estações
calores
folhas secas e luz, muita luz
o vento frio olhando pela janela
cores flores perfumes
a vida chegando do ar
manando seres e sons
o que alegra e o que dói
girando ao redor do sol
a 107.000 quilômetros por hora
e a um milhão de quilômetros por hora
com relação ao centro da galáxia

a todo segundo a vida demanda escolhas e ações
                                                            (omissões?)

o ano não é novo nem velho
o ano que se diz novo é mera
continuação daquele que se diz velho
que, por sua vez, é a continuação
da continuação, da continuação,
de todos os anos passados desde o Éon Hadeano

o ano que se inicia está impregnado
de passado
e o vir a ser é uma semente
sensações para continuar a poesia
ou faze-la diferente
conforme a alma deslinda-se
enquanto a poesia se faz com  sonho
e as palavras que brotam da mesma terra
onde repousam a certeza da morte
e a impermanência da vida
entre a vida e a morte há sonhos sem nome
o sonho maior deveria ser o de ser gente
há tempos aguardamos o SER HUMANO,
entre mentiras e alaridos

o ano que se inicia não é novo em si
o ano que se inicia é promessa
o ano que se inicia é devir
que pode não se cumprir

um ano não se faz novo
nós nos fazemos novos
com um gesto novo
depois de outro gesto
de atitudes e escolhas
novas ousadas diferentes
do cantochão e do ramerrão
contidos nos velhos atos e discursos
da sede antes da água
do escuros antes da luz
do imponderável
do insaciável
do inesgotável
do enigma
de uma fome infinita
do sonho e da sombra
da semente antes da flor
da palavra se escondendo antes do verso
do esconso silêncio antes do amor

o ano,
esta discriminação humana,
quando ele for,
caminho ou escada
matéria frugal, gás ou vapor
segredo primordial
pergunta banal
será do jeito e da feição que nós o fizermos

FORÇA A TODOS PARA QUE POSSAMOS
SER SERES HUMANOS MELHORES 

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