domingo, 18 de março de 2012

Poema manuscrito

Semeia as tuas palavras
pequenos grãos
de uma poesia
tão só
tão tua
soando
a silêncio
de uns olhos castanhos
esverdeados

Ausentes
Noturnos
Ígneos
Amoráveis

Lindos
Estetas
Prismas
Poéticos

nuas
e úmidas
as palavras
matam
nossa sede
pendendo
uma
a
uma
da espuma
da nossa ânsia
onde
o tempo
cai
sem resposta


o
silêncio
a gota de orvalho
o acaso
entendem
o que eu não sei
te dizer
o abraço
singelo
e premente
que não te dei
o beijo
que se perdeu
nos campos
ingênuos
para além do rio
e do labirinto
inquieto
das lembranças

na tua cama
o silêncio
infindo
é
um poema
manuscrito
no teu corpo
não declamado
sem voz
um poema
que ficou
ecoando
no grito inócuo
ecoando
nos espelhos quebrados
do dia a dia
que nos traduzirá
dentro em breve
dizendo
o reflexo
aflito
do quanto não somos
inconscientes
que estamos
da nossa irredutível
evanescência
ígnea

Poetisa, lança teu poema à terra
deita teus olhos entre as estrelas
esvazia a tua taça
e embebeda de sonhos
a tua alma menina

Dá-me teu pé
para o beijo
disse à flor o jardim
flertando
com a incompletude
da evolação
da vida
e seu velho tema

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