domingo, 4 de março de 2012

Indistinto

A tarde
Nem existia
Dentro dos dias escuros
Só havia laivos de claridade
Dentro do sortilégio das palavras escusas
Perplexas
Engolindo a luz
E o homem
Sem cores para acordar o dia
Procura entre o chão e a lua (que não via)
A sombra
Mesmo que diminuta
Dos dos sons que, em volta, ouvia
Quem é este homem
Que tateia
Em busca da lucidez?
As mãos molhadas pelas lágrimas
Na noite eterna
Que a ignorância fez
Quem é este homem que
Tateia despedaçando
O negro poço mudo?
Tateia só o medo
Dilacerado das guerras
Tateia somente o aço
De fio indistinto e sombrio
E só se apercebe
Do reflexo de si mesmo
Esquecimento 
E nostalgia
Correm rios
Esplendem flores
Voam pássaros 
Na tua noite
E não os verás
Não há olhos antigos,
Piedade,
Compaixão
Só vagos ruidos na escuridão
Em meio à noite caligem
Não há sorte
Somente o pranto
Dormitando triste
Em seus olhos de bronze
Em algum lugar fora da noite
Crepitam, trêmulas,
As chamas de um fogo
Ecoam
Ternura e vida
A brincarem
Nas espumas castas e surdas
Do dia que não veio

Nenhum comentário:

Postar um comentário