domingo, 3 de maio de 2015

Noite de chuva


noite de chuva
o vento passa mordendo as sombras
das estrelas pendentes dos beirais da noite
arrasta a lua, os astros, um deus do medo
o céu e seus infrangíveis segredos
ressuma cores nas pétalas da flor
e na palavra mortiça e dolente
imponderável como a sina
de nascer e viver morrendo

noite de chuva
as sombras dessentidas
geram a madrugada
no espaço esquecido pela luz
inoculável
como a intrigante magia
de morrer e  nascer todo dia

noite de chuva
esta chuva buliceira caindo devagarinho
misturando-se à lagrima que demora
no meu rosto
enquanto teus passos te levam nua
pelos caminhos dos rios
intocáveis
como a luz dos astros refletida no mar
que dá cor ao engodo ao que seja a morte e a vida

noite de chuva
que amadurece
o inverno e prenuncia
na chuva que ora cai
mais uma outra primavera
e burila na maciez do barro
o esboço
de uma lua crescente
refletida num pequeno lago
em uma noite pequena
jogo de cintilação e espelhos
suspensa nos astros
indecifrável
como a angústia do bem e do mal
e a panaceia da morte para a vida de medos
que se vive afinal

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