quieta
a vida se embalou no suave silêncio
que a brisa trouxe como o instante
envolvendo a tarde na ilha e as sombras das árvores
onde só se ouvia o melífluo canto dos pássaros
quieta
a vida espera
a brisa toda passar
e o passarinho calar as suas solidões
e o tempo dizer todos os seus espantos
quieta
a vida arrebanha matizes
e suspiros ingênuos
brancos aromas
no jardim onde o passado fugaz
oculta anjos
de mãos mui delicadas
de olhos tão azuis como
o vento embalando céu
passando pela manhã
e a música esquecida no mar
o vento embalando céu
passando pela manhã
e a música esquecida no mar
e lábios doces e rubros
num rosto emoldurado
por cabelos cor de trigo pendoado
quieta
a vida permeia
a ternura em meio a dança
bailarina vestida de aragens
nos lábios fogo carmesim
espera quieta espera
as nuvens redefinirem o mundo
num mangá feito a nanquim
quieta
a vida flutua nos caminhos louçãos
nas quais se reconhece no vento
e pelo calor que se dissolve no ar
são sete vidas agora
e sete botas de sete léguas
com passos de borzeguim
quando a vida me chamar
com ou sem motivo
com ou sem motivo
percebendo-me lasso
diante do meu cansaço
me dê a vida
o meu fim
por que nada sou
na impermanência
na impermanência
além do desespero
à espreita
da Verdade que há em mim'
Nenhum comentário:
Postar um comentário