pelo passado sem memórias
pela canção dos próprios passos
embriagou-se
soçobrou
afogou-se
derramou-se nos rios
lanhou-se na noite
e nas pedras cobertas pela neblina
exausto de si
bebeu as pedras nas fontes
murmurou,
gemeu nos horizontes
disse palavras
chorou desencantos
e tantos
desmanchou-se em vãos pedaços
e o mar, então, foi só cansaços
respiração ofegante dos anjos cansados
madrigal
dizendo as cinco estações
primavera: derramando flores no ar
verão: espraiando sol nas vidas abertas
outono: derrubando flores, brincando de pega com a luz
inverno: fria solidão doendo nas nossas mãos incompletas
a quinta estação não tem nome
é o silêncio andando com a lua
é a noite andando casualmente na rua
é o silêncio que eu pressinto,
mas não ouço
a quinta estação
é o calar de todo este alvoroço
é a estação do silêncio
dizendo o desassossego inteiro do teu corpo
e o marulho comovido,
envelhecido
e ritmado das estrelas
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