sábado, 26 de setembro de 2015
Eu, quando?
Escrevo aqui:
Nada se movia sob o céu inacabado
ainda sem cor,
mas que será azul quanto estiver pronto
E afirmo:
São inexistentes as horas de onde pendem
o mistério e o azul do céu!
O rumor dos ponteiros escalavra a ilusão infinita
de um tempo escondendo-se, escoando
e ecoando dentro de mim
treme e me embosca
me arrosta
o tempo introjetado não me deixa sozinho
encurrala-me no matraquear incessante
do tartamudear delirante e mentiroso das horas
angústia inventada,
invertida
vértice de tanta loucura,
artífice de tanta paúra
já criada e aceita ao longo dos tempos
pelas mentes sombrias do homem
o tempo
caindo,
caindo,
indefinidamente,
caindo...
entrementes
tolhendo os dias tão claros onde eu canto para ti
pervagando as noites escuras onde eu te amo
relutando letárgicas lutas sustentadas
pela miscelânea que abriga passado, presente e futuro
na mesma cela, da mesma prisão
e, então, o tempo é tão inútil
quanto os olhos procurando-me no espelho
onde vejo uma imagem que suponho ser eu
Mas, eu quando?
Eu no passado?
Eu no presente?
Ou eu no futuro?
se o tempo é fluxo escoando ao longo dos momentos
e não movimento
sombra do infinito aprendendo gestos
Meus passos caminham o que fui
o que sou,
o que serei
meus passos caminham chãos e sonhos
trago palavras doces e maduras
e vinhos bêbados
e flores suspirando aromas que,
pela sede e pela fome de tanto te amar,
nunca,
jamais te entregarei
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