domingo, 1 de maio de 2011

Hoje


Hoje já não queimam as
noites em seus fogos
cor de sangue. O fogo
fez-se mar intenso,
vaga sem fim.

Hoje a madrugada é precipício
a acolher rios de sonhos
que se precipitam como
chuvas molhando a lágrima
compassiva, a lágrima amarga e perdida

Hoje não te tenho mais,
não sinto mais meus lábios a viver
nos teus. Não beijo teus olhos,
não sinto teu corpo, só há o teu
perfume entre os meus braços

Hoje já não digo amor
O amor ficou cingido
ao passado nos silêncios
que ficaram junto a ti,
ao teu lado.

Hoje o silêncio tonitruante
das palavras não ditas
é o grão de poesia que
perpassa as pétalas das dores
a germinar no infindo adeus

Hoje, sonhos desfeitos,
vida sem lume, vida sem gosto,
minha alma galga auroras de sonhos
buscando em outros trejeitos
As linhas meigas do teu meigo rosto

J L Silva

Imagem: Olga Sinclair

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