quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Phóbos et dementia

Conflito em Gaza já matou 392 crianças, diz Unicef
Outras 2.502 crianças ficaram feridas desde o inicio da ofensiva de Israel
Órgão da ONU estima que 370 mil menores precisem de ajuda
(Fonte: G1 - Mundo)

Será que o homem não cansa
da desesperança,
de fazer sempre o mesmo gesto
em direção à guerra insana,
forjada nos gabinetes,
cheia de ódios e estigmas,
misto de insanidade e ganância?
Será que nunca viu ou ao menos ouviu
o riso e o canto das crianças voltando para casa?

Hoje doem os caminhos amedrontados pela impiedade
E mesmo assim há um Deus resoluto e intemente
clamado pelas forças daqui,
invocado pelas forças de lá,
ameno como a fonte que molha as terras antigas
e dá de beber à sina e ao fogo divagante

A guerra, castelo do medo
calado e doloroso,
mistério estéril onde a palavra plange
e soluça sobre a poça de sangue

A guerra,
infensa e sem trégua,
negra em seus dois minutos de ódio
serve a quem, Senhor?

A morte alicia-lhe os dedos
que apertam o gatilho,
que pressionam o botão...
o míssil rasga o céu
aonde a noite se debruará de estrelas

O vento vermelho transporta a escuridão
A intolerância sacode as manhãs
úmidas do sangue maniqueísta
Povo de Israel
Povo da Palestina
No ar ardem o grito e a angústia
Arde a treva imersa em dor, loucura
e delírios de poder
Somos todos um povo só
Um sonho latente
Enquanto a estultice da guerra caminha
gemendo intangível,
vertendo sangue quente de entre as areias
calcinadas da intolerância

A guerra tem gosto de terra entumecida de sangue
A guerra é inexplicável
e a vida é esta monotonia besta
onde o sonho fraterno é palavra aflita
e a ternura é degredo,
é segredo indizível,
é o único sentido quando surge a noite
envolta em rumores de explosões
e o ar respira as lembranças da infância
onde mora um rei desnudo,
moram um grito e o fogo,
e o destino joga as cinco pedrinhas
nos jardins azinhavrados de um castelo de lata

E da acre lágrima a criança inventa o sonho de um novo dia
Assim como inventa a sempre cálida primavera
a se colher nos campos
apascentada pela poesia
a sede de um mundo maior que o homem
e um tempo sem hora e sem medo
e o amor fulgindo da neblina das manhãs
e onde só havia agonia e opressão
vicejará a paz e a vida
por que reconheço em ti meu irmão
e tu reconheces em mim teu irmão
e neste encontro far-se-á uma única Nação
feita de Vida e Liberdade
E a paz se dirá nas ruas
e se fará nas almas,
subirá ao cume das montanhas
e no silêncio das palavras
e na eloquência de um gesto de amor
entoará hinos e loas à compaixão
e todos saberão dizer do mantra da paz,
e as crianças, então, farão do mundo
um clamor ávido de sonhos e fantasia
e cantarão a sua alegria
e valerá a pena ver nascer um novo dia

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