quarta-feira, 13 de junho de 2018

Versos insontes


a tarde faz-se escura...
...chove
e terna e exilada
contempla mares entediados e distantes
limites de terras solitárias
como o pássaro pousado nos meus sonhos
eternos silêncios e cansaços
me chama devagar
tão lentamente
me leva pelos caminhos deslindados da memória
há momentos onde tudo é só saudades
e, então, já não é suficiente o deserto que se estende
diante da tela do computador
onde o nada permanece transparente e intangível
onde as palavras navegam
incertas rumo aos rochedos da infância
e tudo que tenho para dizer são só enganos
miragens
ausências
melancolias
vento triste
versos insontes
sombra invisíveis plasmadas
nas criptas das madrugadas insondáveis
sedes cansadas
saliva e beijos que guardei para ti
não digo amor,
esta palavra e seu fogo inquebrantável
a chuva molhando lembranças de cartas de amor
encharcando o inocente outono
volteando e escalavrando dentro de mim
incendiando o instante cinza do céu imoto
resvalando na tua voz
declamando o poema no tim-tim-tim do telhado
trazendo docemente a noite furtiva
no ventre de uma lua amarela
tecendo os olhos com os quais velarei o teu sono,
solidão

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