sábado, 3 de outubro de 2015

O sonho irrompe


o sonho irrompe
nas madrugadas
trêmulas
de imagens tardias e leves
germina, anoitece
tateia lembranças,
esquece
o sonho derrama-se ou cai
e rescende
como fruto maduro e doce
o sonho
convulso ou brando
se desnuda
em outra clara realidade
e se move
trazendo
das ilhas
que se desprendem dos mares
calmas ou aflitas
a sombra do humano espelho
imagens que nunca vi
aonde o tempo ainda não chegou
e os caminhos circundando o mar
não guardam os passos das pedras
nem o amanhecer dos gritos
pendoados no ar

mas o mar,
há tanto tempo,
vai-se embora daqui
na penumbra infrangível
e encantada das tardes
levando o dia,
levando o dia,
até que a noite cresça
aprisionando a luz
até que a noite desça
pondo no céu
outra alegria,
outra alegria...

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