quinta-feira, 26 de abril de 2012

Como você

Silêncio
Num outono vermelho
as folhas secas se debruçam sobre
os níveos véus da manhã
e caem sobre o silêncio
Colho os versos que a lágrima semeia
nos jardins antigos do pranto
nos quintais de uma antiga criança
Correm descalços os sonhos
pelas praias desnudas da tua ausência
dos teus mares
agora exaustos
a agonia das espumas
desenhando rendas nas ondas
querendo ser poesia
O verso
que não se mostra inteiro
A dúvida
que me divide ao meio
A rima
que arrulha na ponta da língua
e não acontece
A palavra se esconde
atrás das flores que brotarão na primavera
Um vento distraído
se equilibra sobre a página
                              [ainda em branco
A manhã esbatida
flutua sobre os sofismas
Nas entrelinhas
há algo vago
como uma saudade
quebrada
como uma noite
sem céu
sem estrelas
sem o som singelo dos sinos
ou algo assim
como você

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