quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A brisa passou

Quando a brisa passou
eu julguei sentir teu perfume
molhando a minha lembrança
correndo por minhas veias

De mansinho a brisa passou
pela janela entreaberta
resvalando nas cortinas
do dia amanhecendo sem pressa

Pelos becos a brisa passou
pelo passado recitativo
da rua aberta para o mundo
trazendo de longe a saudade

Chamando o teu nome a brisa passou
e subitamente a noite se fez imensa
recendendo a benjoim
ressoando o ruído dos ventos

Incessante a brisa passou
tocando as pétalas da amorável rosa
tocando a lembrança do teu rosto
a brisa passou, Maria,
em teus olhos escuros

Ó, efemêra brisa que passou
pelo instante inelutável de morrer
pela miragem dentro do espelho
onde cantam tardas canções antigas

Sob o luar dentro do mar a brisa passou
quase bruma, quase lua, quase fim
as mãos, os olhos e o peito cheios de ti
cheios deste sonho sonâmbulo rumo à aurora
moldura tardia para a lágrima é o amor

Sozinha a brisa passou
sob o silêncio que espreitava a tarde
sob os nossos corpos inconsuteís
sob os meus sonhos
                                [repletos de você

Imagem: Do Duy Tuan

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