quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cai a folha no rio

A tarde quente elevou as mãos do vento
e as pousou sobre os olhos irisados do sol
A tarde e a vida rebentaram em dourados tons
O vento soprou sobre a sombra
que trazia a noite entre silêncios
A tarde enlanguesceu ao crepúsculo
de cores iridescentes
Fez da seda vermelha do céu
rosas incandescentes arrancadas à terra
As luzes do ocaso cobriram os telhados
mansamente
A noite ainda demora, distraída,
a perfumar de leve o horizonte
com as nuvens esbatendo o azul que toca o chão
(...)
Quando a noite chegar
estarei te esperando
para ver a noite nos teus olhos
para beijar os teus olhos
e adormecer sobre o teu braço
o meu sono de criança
(...)
A tarde quente elevou as mãos do vento
e as pousou sobre os belos olhos do sol
Aquietou-se a ventania em meu coração
Esbateram-se as cores do dia
suavizando, lentamente, este tom de poesia
que o abandono dos campanários choram
ao final do dia
Os pássaros adejaram de volta aos ninhos
O vento soprou sobre a sombra
do tempo que levou o dia
e colocou no céu
as estrelas despertas do sono fugidio
Há silencios que vêm de antigos desertos,
imensos mares de areia que afogam os passos
nas sombras que vêm no vento
As luzes dos desertos recriam miragens
acentuando o pôr do sol
se equilibrando no firmamento
Escuta a folha caindo no leito do rio
se queres entender a tarde irresoluta
e os olhos tristes do poeta
A voz do poeta abre a escuridão da noite
Bruxuleiam as luzes prisioneiras das candeias
O mar úmido de sonhos embala
a quietude do dia
Cai a folha no rio
molhando-se de poesia

(Dezembro de 2012
Os dias saem do mar)

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