quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Os sonhos brotam


os sonhos brotam nascem e florescem
os sonhos derramam-se
ou caem
e rescendem
os sonhos minguam
ou crescem
imagens tardias e leves
germinam,
anoitecem,
tateiam lembranças
convulsos ou brandos

o homem embosca e colhe sonhos
e os depositam no chão
palmilha medos
enganos
presentes nas névoas soluçantes de ilusão

os sonhos instigantes,
maduros de eternidade e devir,
debicados pelo pássaro
que nunca canta,
que nunca alça vôo
e cuja plumagem
esmaece enquanto o tempo
frágil e inconstante é solidão
são frutos da mais delicada tessitura

os sonhos instigantes
gotejam em cores abandonadas
e em fuga
memórias da vida atemporal
que se desfazem em desmesuradas noites
molhando o oceano envelhecido e hesitante

mas o mar,
há tanto tempo,
foi-se embora daqui
na penumbra acordada nos olhos sem memória
onde o menino que fui
sacode redemoinhos
e olha-os a caminhar rodopiando pelas ruas de terra
varridas pelo vento e a imaginação
permanentes barcos de fogo em fuga
sob a sombra de tantos tempos pousados
nos galhos secos das árvores
e nas sombras secas debruçadas sobre as águas
imerecidas do meu verso incipiente

a vida gorgoleja poeira
os passos, rumorejantes, já foram embora
depois de cavar as covas
guardando a semente para quando vier a chuva
e trouxer as noites cheias de sonhos
que a minha alma disser

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