sábado, 14 de novembro de 2015

Paris, quem faz as guerras?


o tempo instante início da bomba
é o mesmo tempo instante do seu fim
quem passou ensandecida foi a intransigência
quem se moveu foi a coação enganosa
de um ponto a outro
onde poderia caber vidas inteiras
cabe a morte
onde poderia caber
um poema
discorrendo a eternidade sem palavras
articulado no imponderável
do tempo e da sua inexistência
contumaz e genuína
cabem cicatrizes
e o gosto acre da loucura humana

a intolerância é medida do homem
escalavra o homem
com seus delírios de poder e superioridade
e suas bombas
e suas armas
e suas guerras
e seus deuses
e seus lucros
e sua empáfia
e seu descaso pela vida

pra quem não sabe
as armas existem
e matam
a bomba existe
e mata
a bomba é triste
a bomba é a amargura do homem
a bomba é a pedra na mão do homem que não cresceu
a bomba é o bullying dos senhores da guerra
a bomba é a fome e o lucro do ditador
a bomba aqui é terror
é o confinamento
é a incoerência
a bomba lá é honor
arquiteta da morte
sentada nos gabinetes
olhando o mundo pela cegueira dos países
onde a idéia de uma Babel impera
sobre a idéia de uma mesma e única Nação
semeia discórdia e ruínas
alimentam ódios e preconceitos
e continuam,
qual meninos arteiros,
atirando pedras (bombas) uns nos outros

a bomba de tanto cair lá
como um animal vicioso
fez-se verdade
na vaidosa e linda noite de Paris

é triste
tudo é tão triste
nesta sandice supra-animal
onde o humano queima-se nas fogueiras
dos sempre velhos e mesmos atos

a bomba não morreu em Paris
por que foi assim que o homem quis
por que o homem matou um dia
e não pode mais parar de matar

é triste
ver esta noite de novembro dissolver-se
e tornar-se vermelha
é tudo tão triste
como o lamento de quem
chora sobre o ódio
que ativará outra bomba
em Paris, Síria, Nova York,
ou em outro lugar
onde a covardia e/ou a bestialidade mandar

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