domingo, 14 de fevereiro de 2016

Mentiras


Só paro para ouvir mentiras
quando as mentiras encantam o meu coração
e quando a palavra é mais linda do que o silêncio
versos possíveis ardendo entre brumas e escuridão
que apanho por aí
pego um, que vem no vento
perco outro, que cai no mato
não encontro... esquecimento
outros por aí me catam
e já nem sei o que digo
e já nem sei por que choro
meus olhos acendem silentes mentiras
minhas mãos acariciam a ilusão
da vida que assim vai passando
traquina maquinação
contando tranquilas mentiras
em meio à solidão

A palavra se eleva e aguarda
essência
semente
sentença
antes de ser dor ou prazer
antes de calar ou dizer
do amor tocando as margens
do rio correndo em teu corpo
do fogo na água a arder
antes de ser sussurro ou ser canto
antes de ser riso ou ser pranto
depois soluço
depois silêncio
depois sono cansado
das lágrimas
que ainda miram meus olhos
e não saram

Tanto faz
depois
tudo será depois
tudo uma balbuciante alucinação
miragens que vêm com a brisa
enganos do coração
tudo será mentiras
por ser irrealizado
tudo será o sonho
que por muito que façamos
apenas o roçamos
antes de retornar a ser imerso no Divino

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