domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fugaz

A noite repousa na neblina suscetível
ao fogo insone
que envelhece comigo
eclodindo em sonhos premonitórios
Esvai-se o instante contrário aos meus olhos
à melodia dissonante da minha poesia
Eu que morro proscrito a cada instante
Eu que repercuto em insondáveis mundos
em palavras que me mordem
enquanto o silêncio esmaga o sussurro da tua ausência
Esmaga a mim que o amor esqueceu
inexplicável imagem desfocada no espelho
num tempo incerto
lento
dissoluto
onde o passado escorre
como a tinta sinuosa do silêncio dos teus olhos negros
Absolutamente cúmplices do destino que surge espesso
como mantas do medo que circula em minhas artérias
como a ponderação do grito que embate contra os ventos do abismo
Morro no passo esmagado das horas do relógio
no cair das pétalas da flor...
No outono
morando nas árvores nuas
rumorejando as palavras vagarosamente
cicatrizes incandescentes dos dias
espalhadas pelo chão
palavras que não reflorirão
em tua alma absorta
e nem dentro de mim

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