segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Aonde eu estaria

Acordo
penso em você
penso onde eu estaria
neste dia e nesta hora
se meus braços não tivessem
enlaçados a tua cintura e aos teus gestos?
Aonde eu estaria se meus olhos ainda soluçassem
a tua ausência e o teu silêncio
e a minha boca passasse as estações
sorvendo o mel que era a tua primavera?

Ainda é fevereiro na clausura do tempo
nos regatos consumidos pela nudez das tardes
pela solitude dos ventos
Ainda é segredos na inexorabilidade do outono
que dorme sob o céu cinzento ali mais adiante
aonde cantarão barcarolas os inexprimíveis pássaros
e a vida se aquecerá cheia de encanto,
por que te gosto
Ainda é demora a palavra que te conhece
e que espera na minha pele a tua pele
noites inteiras guardam teus segredos
tão antigamente pra mim
quando passa o verão
vermelho e cobre e diz teu nome junto à minha janela

Penso...
aonde eu estaria
neste dia e nesta hora
se o amor é vasto e louco
e basta apenas um pouco
destas águas afogadas na tua entrega
como um rio engolido pelo mar
para que eu me sacie em teus caminhos
que agora, suavemente,
levam-me à noite que sempre vem
junto com teus cabelos molhados,
teu corpo suado,
junto com o silêncio dos teus olhos
e o barulho do mar a nos embalar
levando cama e corpos e esta canseira boba,
este exílio momentâneo da vida

Aonde eu estaria
neste dia e nesta hora
barco aprendendo chuvas,
mares demorados,
areias ancoradas ao destino,
olhos cansados,
as mãos presas ao passado
que envelhece interminavelmente

Quando tu vens?
não me esqueça dentro dos espelhos
na praia anoitecida
no silêncio
despido de perguntas
ocultando sílabas,
cortando o ar
não diga "te amo"
se não queres,
se não é assim que sentes
e se no amor há tanta insensatez
nem diga loucuras afins,
não embale a minha agonia,
menina da praia do Moçambique

Vem...!
Que todos os astros falam de nós,
e só tua boca, só o teu corpo
sabem dizer o que eles falam de nós

Vem...!
Que escolhi pra te amar os versos mais puros
que encontrei na madrugada
eivada de ternura

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