terça-feira, 23 de novembro de 2010

Ciranda

Rimos o riso useiro e vezeiro
Que em nós tem um bocado
Rimos dos rumos da vida
Praia, frango, farofeiro
Num domingo ensolarado
As águas são fezes pura
Mas pra esta vida dura
Sem caninha e sem viola
Que não tem o seu ipod
Tem saudade da eletrola
Chiando o velho disco
Cartola e Adoniran
Para um bom entendedor
Um risco quer dizer Francisco
E nestes dias de frio
Cadê meu cobertor de lã
Pra janta só ovo frito
Pra comer de olhos fechados
Sonhando coxa de rã
E nesta terra perneta
Sem ontem nem amanhã
Pede ai pro estafeta
Entregar um recado meu
Diz aí pros seu “doto”
Que o dinheiro na gaveta
Já vestiu meia e cueca
Agora é aquela meleca
Na hora da divisão
Eu te roubo, tu me roubas
Assim ninguém é ladrão
A minha parte eu vou guardar
É embaixo do colchão
Que eu não confio em banqueiro
Eita povinho atrevido
Trabalha com meu dinheiro
Ainda me cobras taxas e juros
Ave Maria esconjuro
Isto sim é que é ladrão
Antigamente dizia

Qual a minha comissão
Agora é na adivinha
Eu vou enfiar outra linha

Pra tricotar com vocês
Já que iniciei a missiva
Então vam’bora escrever
Até os dedos doerem
Ou ficarem em carne viva
Assunto é o que não falta
Por que nóis aqui da malta
Não temos o rabo preso
E o que nóis pensa nóis diz
Sem medir tamanho e peso
E quem não gostou, por favor
Não se faça de rogado
Contrate um reles rábula
Ou um bom advogado
Por que aqui com nóis é assim
Escreveu num leu é anarfa
O juiz dá a sentença
Dotô tome tenença
Que aqui o senhor não se cria
Nóis sabe de tudo um pouco
Do gato à mais valia
Aqui quem faz as leis somos nóis
Da calça eu aperto o cós
Pra caber a garruncheira
Eu gostei da brincadeira
Joguei fora o meu cansaço
Porém agora vou indo
Já mandei o meu recado
Pras meninas fricoteiras
Fica aqui o meu abraço

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