sábado, 1 de novembro de 2014

As guerras e as gentes do mundo de cá e de lá


 
Li no jornal:

A luta contra o Estado Islâmico custa em média 8,3 milhões de dólares por dia



Vi na tv e no site dos Médicos Sem Fronteira - MSF:

Com R$ 30,00 ao mês (R$ 1,00 por dia) cuida-se de 2 crianças desnutridas com menos de 5 anos de idades

Com R$ 60,00 ao mês (R$ 2,00 por dia) 1 pessoa vivendo com HIV/AIDS recebe tratamento que prolonga a vida

Com R$ 84,00 ao mês (R$ 2,80 por dia) 252 pessoas com cólera podem ser tratadas a cada mês

Com R$ 120,00 ao mês (R$ 4,00 por dia) 1.980 pessoas podem ser vacinadas em um ano contra meningite

Com R$ 320,00 ao mês (R$ 10,60 por dia) 74 feridos em área de conflitos podem receber antibióticos para infecções a cada mês.


Nos ventos escatológicos vêm a lâmina calcinada da fúria,
a mão pesada da sanha,
a mão de ferro da ira,
os dedos cheirando à pólvora
Senhor, as guerras se espargem em borrifos rubros de sangue seco
Senhor, as guerras são tantas e várias
e tontas espreitam morituris mortuis
Mata-se desde sempre
em nome de um deus,
em nome do engodo de uma liberdade (ensandecida e beligerante)
Sob a estultice de uma ideia
Para defender uma causa nobre(?)
Retalho da pobreza e da dor que a chuva de ogivas recrudescerá
Mata-se com honras de herói nas guerras
frias, quentes ou mornas
Nas guerras santas ou satanizadas
Guerra dos seis dias
Guerras dos cem anos
púnicas, medicas,
guerras, guerras, guerras...

A guerra é a ausência da palavra
e seus contrários
é a ausência de uma alma que sinta a essencialidade da luta interna
e de uma mente que pense, discurso e peroração
é a sombra por trás do homem
e sua mentira dulcificada pelo delírio narcisista do ego
e pelo desespero tácito e a ânsia por novas seitas, gurus e novos deuses

Na vida envelhecida e insone,
agônica e agonizante
quantos morrem na paz carcomida pela fome e pela miséria?
Outra guerra esta dos pobres esquálidos e imundos
que insistem em dividir sua sujeira e seu depaupério com o mundo
Estranha vida esta onde o homo dito sapiens não se comove,
não se inquieta, diante do desdém e da avareza verminativa
com que constrói sub-repticiamente seus castelos sobre abismos e indiferenças

Agora, além da primavera e seus sofismas,
é madrugada
A vida dorme
A natureza urdi o encanto, as cores e o perfume das flores que se abrirão com o dia
O homem...
maquina o seu próximo crime
a próxima invasão
o próximo ataque
o próximo alvo
envolto pela bandeira nacional
A morte, assim, faz menos mal?
Morrer pela mão do tédio alheio é tão fácil,
tão triste
tão surreal
Morrer, assim, é tão banal

DOAÇÕES PARA O MSF: www.msf.org.br
                    ou pelo telefone: 0800 941 0808

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