quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A vida quer respostas


A vida me inquiri,
e aguarda...
distraidamente dissimulada em mais um dia
dentre tantos dias inumeráveis
quer respostas

Das tantas questões com as quais a vida me interroga
a mais difícil de ver-lhe a face
é a da Liberdade transbordante dentro da Verdade

O dia toca o nome e o silêncio dos caminhos
os primeiros azuis tocam o céu
os tenros verdes regam campos antigos
nada sei das nuvens que passam estrumadas de melancolia
tiraram-me, sorrateiramente, os olhos com que ver
e o discernimento necessário para entender a inocência azul
deste céu separado dos homens e dos ventos

E a cada dia entendo menos
quanto mais me questiono
mais se escondem em mim
as respostas e seus segredos
afloram as eternidades dos medos
me inundo de um não saber dolorido e agônico
de um grito entornado,
porém sempre inacabado
e o tempo sangra imperceptível
e o grito pronuncia intermitente
o súbito e infinito silêncio eloquente
do vôo dos pássaros transmutados em pedras
um grito que vocifera a palavra que passa extensa e lenta
nas águas lacrimejantes e decepadas do rio
para findar e morrer
e ir embora
carregando consigo
o esboço incognoscível da poesia
caminho paciente entre as ilhas
que balançam nos mares maduros no fim da tarde
nos ares uma gaivota, sem bater asas, atravessa o gesto a luz e o céu
O que acontece, então, é Liberdade?

Imagem: Siddharth Shingade

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